São 6 horas da tarde. O vento sopra, trazendo do mar o som de cada uma das ondas junto às folhas secas de amendoeiras a arrastar-se rumo à renovação da vida. Uma areia fina, quase que virgem, sustenta meus pés. Sinto um aconchego dócil, como se aquela areia se moldasse ao meu corpo e ali fôssemos um só.
À volta, silhuetas no horizonte. De um lado, e mais próximas, formas suaves feitas de verde e pedra delineiam o espaço entre dois azuis -- o mar e o universo. Ao fundo, traços escuros fazem alusão ao fascínio pelo desconhecido, protegidos ao topo por degradês de amarelo-fogo envoltos em rajadas de tinta branca. Certo de que o pintor desta obra não estava ciente de sua aptidão, o homem a transformou em cartões postais e as nomeou com temas de culinária, religião e medicina. Tolice.
Ainda que somente por aquele momento, não transpareciam rótulos. Ali, tudo parecia virgem e não haviam partes, só o conjunto. O valor daquela obra majestosa se mostrava infinitamente maior na composição. Sentia-me feliz por fazer parte dela, como o grão de areia.
2012-08-19
2012-08-18
Copa Cabana
Sair a noite no Brasil é perigoso. Hoje mesmo um trombadinha tentou roubar o cordão de um colega de trabalho no Centro da cidade. Porém, ainda temos muitos que se aventuram pela noite carioca, e alguns que vem parar no aqui no calçadão de Copacabana.
Nesta cidade que vai sediar a copa, o bairro mais cosmopolita da cidade parece mesmo uma cabana que abriga de tudo um pouco. Do Leme ao Forte, em algumas pedaladas você ve muito além dos turistas omnipresentes. Aulas de musica caribenha em pleno quiosque, com direito até a instrutor, animando os namorados, namoradas e passantes. Aprender a dançar, à luz da lua e ao som das ondas, nem Mastercard paga. A cena é tão inovadora que pareceria até clichê de tão romântico. Mas vos digo, é verdade, pois eu mesmo gastei uns passos ali.
Alguns quilômetros e cruzamentos a frente, nos deparamos com uma partidinha básica de vôlei de praia. Não, aqui no turno da noite não encontramos as duplas olímpicas, os narcisistas e os amantes pela competição ferrenha que disputam o ponto que raspou na fita. São os amantes do esporte pelo esporte que dominam a noite, onde jogam pelo menos 5 de cada lado. Dois contra dois seria muito esforço -- afinal, a partida é recreativa.
Aliás, hoje me deparei aqui com uma nova forma de recreação na areia: soltar pipa. Estavam ali dois meninos, completamente despretensiosos, soltando cada um a sua pipa. A surpresa era a direção do vento, pois ele, como sempre, não soprava na direção do mar, mas em direção aos prédios. E lá estavam as pipas, sobre o calçadão, ora próximas dos prédios, ora próximas dos postes e as vezes até ensaindo um razante na direção dos carros na Av. Atlântica. Sim, era perigoso até, mas o meu encantamento com aquele paradoxo era claro: soltar pipa na era do shopping e do videogame e, em plena praia? Um verdadeiro coup d'etat!
Que venham as tropas.
2012-07-06
Interface Homem-Máquina
A interface homem-maquina é o que separa o mundo virtual do mundo real.
Para aqueles que trabalham com tecnologia, isto produz uma espécie de solidão. Pode não parecer, mas por trás de grandes sites e sistemas de informática existe um verdadeiro exército de analistas, programadores, arquitetos, e outros técnicos afins. Este pelotão da tecnologia virtual trabalha para que possamos ter as facilidades do email, do YouTube, dos mapas virtuais e do comercio eletrônico. Aqui estamos nós, trabalhando duro na frente da tela. Raramente entramos em contato com as pessoas que favorecemos.
O contato humano, por outro lado, se faz inerente em profissões como médicos, advogados, garçons, e psicólogos. Apesar de um pouco menos virtuais, estas profissões também não escapam da telinha. O computador vira uma ferramenta permanente na sociedade que todos nós utilizamos, cada vez mais. Uma realidade assistida, onde os detentores do conhecimento especializado auxiliam na criação de ferramentas que tornam nosso cotidiano mais simples, onde necessitamos cada vez menos de esforço para realizar tarefas corriqueiras.
A conclusão consequente é que nesta sociedade moderna houve uma mudança real no perfil daqueles que agregam valor. Especialistas em ferramentas de automação sao auxiliados por especialistas em suas indústrias na codificação das tarefas. Gerentes certificam-se do comprometimento dos funcionários com a conclusão das tarefas. Funcionários, então, ficam relegados a executar tarefas para as quais agregavam valor agora de uma forma automatizada. Aos detentores de capital, resta somente o acompanhamento de seus investimentos.
2012-06-21
Um cafezinho por favor
São duas da tarde de terça-feira. A rua da Assembléia anda aos rebuliços com o público pós-almoço num vai-e-vem frenético. Entregadores de mercadoria, vendedores de bala, camelôs, pipoqueiros e panfleteiros ávidos. Carros parados em fila-dupla, regimentados por um atento guarda-municipal que antes admirava belas passantes mas agora gasta sua caneta esferográfica. Táxis passam vagarosamente como tubarões a procura de peixes. Até a carrocinha de churros ali encontra-se para completar o cenário. Uma verdadeira ópera para os olhares dos cariocas e que para um norte americano ali passante deve ser o caos generalizado, imagino eu.
Os mais variados restaurantes, lanchonetes e casas de fast food entretém-se de clientes nesta hora. Aqui, fazer um pedido é um verdadeiro desafio para o cliente. A lanchonete está cheia, muitos atendentes dividem um pequeno espaço de trabalho onde magicamente não se esbarram, e os salgadinhos da vitrine se extinguem rapidamente. Fito, com um olhar de vício, a máquina de café. Café expresso, não. Quero um carioquinha mesmo, sem flair e com aquele inconfundível aroma de padaria. O primeiro obstáculo para alcançar meu objetivo está no balcão: dentre os clientes à sua frente, não sei quem já foi servido ou não, ou quem chegou primeiro. Não tem senha, não tem fila, não tem cancela, sistema de venda ou barista. Clientes simplesmente recitam seus pedidos em voz alta às atendentes, e põe nelas a responsabilidade de respeitar a prioridade de quem chegou primeiro. Peço o meu café em voz alta e fico alerta para que o pedido não se perca. Afinal, sem café depois do almoço, eu não fico.
No inverno do Canadá, esta cena se repete em um Starbucks. A lojinha da requintada marca que já foi até protagonista em filme ("O diabo veste Prada") é líder de vendas. Lá você entra numa fila, ordeira como só ela, para fazer o seu pedido. Cada atendente tem sua função específica naquela linha de produção, sendo uma delas a de perguntar ao cliente o pedido. Não precisamos se esbarrar com outros clientes e pedir em voz alta. Carioquinha não consta no cardápio, que dispõe de novas palavras como frapuccino e chillate. Fico grato pela descrição por extenso do que se trata, a qual vem acompanhada de preços diferenciados: Tall, Grande, e Venti. Descubro que os três são tamanhos de copo pelo mostruário que se encontra no balcão. Faço a minha escolha, comunico o pedido à atendente, e não preciso ficar alerta pois sei que meu café será entregue.
Acaso trocássemos os personagens típicos destas duas cenas, presenciaríamos uma tragédia. O carioca no Starbucks sentiria ser necessário um mestrado em cafeicultura para tomar aquele cafezinho. Na vontade de tomar mais café ele pediria um outro cafezinho e dispensaria o Grande. Seria difícil pronunciar o pedido com precisão, pois a responsabilidade de assessoria é do atendente. Certamente, reclamaria do preço. Já o canadense esperaria ser chamado à frente do balcão, ou gastaria mais uns minutos a decifrar a ordem de pedidos para mostrar cordialidade com os outros clientes. Nada de errado até aí. O problema começa quando o atendente, já acostumado a receber os pedidos à torto e à direito, não aborda o cliente. Imagine então se o pedido fosse perdido. O brasileiro, com pedido errado, pagando caro. O canadense, ainda esperando pelo café. O que era para ser simples, já era. Hoje, vou tomar café em casa.
Os mais variados restaurantes, lanchonetes e casas de fast food entretém-se de clientes nesta hora. Aqui, fazer um pedido é um verdadeiro desafio para o cliente. A lanchonete está cheia, muitos atendentes dividem um pequeno espaço de trabalho onde magicamente não se esbarram, e os salgadinhos da vitrine se extinguem rapidamente. Fito, com um olhar de vício, a máquina de café. Café expresso, não. Quero um carioquinha mesmo, sem flair e com aquele inconfundível aroma de padaria. O primeiro obstáculo para alcançar meu objetivo está no balcão: dentre os clientes à sua frente, não sei quem já foi servido ou não, ou quem chegou primeiro. Não tem senha, não tem fila, não tem cancela, sistema de venda ou barista. Clientes simplesmente recitam seus pedidos em voz alta às atendentes, e põe nelas a responsabilidade de respeitar a prioridade de quem chegou primeiro. Peço o meu café em voz alta e fico alerta para que o pedido não se perca. Afinal, sem café depois do almoço, eu não fico.
No inverno do Canadá, esta cena se repete em um Starbucks. A lojinha da requintada marca que já foi até protagonista em filme ("O diabo veste Prada") é líder de vendas. Lá você entra numa fila, ordeira como só ela, para fazer o seu pedido. Cada atendente tem sua função específica naquela linha de produção, sendo uma delas a de perguntar ao cliente o pedido. Não precisamos se esbarrar com outros clientes e pedir em voz alta. Carioquinha não consta no cardápio, que dispõe de novas palavras como frapuccino e chillate. Fico grato pela descrição por extenso do que se trata, a qual vem acompanhada de preços diferenciados: Tall, Grande, e Venti. Descubro que os três são tamanhos de copo pelo mostruário que se encontra no balcão. Faço a minha escolha, comunico o pedido à atendente, e não preciso ficar alerta pois sei que meu café será entregue.
Acaso trocássemos os personagens típicos destas duas cenas, presenciaríamos uma tragédia. O carioca no Starbucks sentiria ser necessário um mestrado em cafeicultura para tomar aquele cafezinho. Na vontade de tomar mais café ele pediria um outro cafezinho e dispensaria o Grande. Seria difícil pronunciar o pedido com precisão, pois a responsabilidade de assessoria é do atendente. Certamente, reclamaria do preço. Já o canadense esperaria ser chamado à frente do balcão, ou gastaria mais uns minutos a decifrar a ordem de pedidos para mostrar cordialidade com os outros clientes. Nada de errado até aí. O problema começa quando o atendente, já acostumado a receber os pedidos à torto e à direito, não aborda o cliente. Imagine então se o pedido fosse perdido. O brasileiro, com pedido errado, pagando caro. O canadense, ainda esperando pelo café. O que era para ser simples, já era. Hoje, vou tomar café em casa.
2012-06-20
A tecnologia e o humanismo
No último século a tecnologia permitiu ao homem grandes avanços em qualidade de vida. Apesar de ainda existir pobreza no mundo, uma maior fração da população mundial teve acesso à cultura, educação, comunicação, e conforto. A Internet nos permitiu maior liberdade de expressão, telefones celulares nos deram mobilidade, novos tecidos nos aquecem no inverno, carros poluem menos. Ainda assim, não acredito que possamos dizer que o mundo de hoje é melhor que o de ontem. Falta humanismo, compaixão.
Precisamos proporcionar à nossos filhos uma vida mais humana. Facebook, YouTube, LinkedIn, e Twitter são excelentes ferramentas que nos auxiliam a manter contatos e vivenciar eventos à distância, mas que, a meu ver, não devem substituir o tête-à-tête. A era digital ainda não substituiu a comunicação presencial, dos sinais corporais e faciais, do ver e sentir, do sexto-sentido e do calor humano. A vida vida predominantemente virtual é como um videogame: nós atiramos para todo lado, destruímos cenários e inimigos, avançamos de fase, e jogamos o replay quando perdemos. Pura ilusão.
Mesmo inconscientemente, a vida virtual nos afeta. O mundo contemporâneo caminha cada vez mais para o "eu" e distancia-se do "nós". As redes sociais criam uma falsa sensação de proximidade. Para ilustrar este ponto, basta contar os amigos do Facebook que nós conhecemos pessoalmente e quantos deles nós encontramos no último ano. E estas redes passaram a ser uma ferramenta de marketing para vender a nossa imagem do ser legal, do estar feliz. Ora, se somos felizes e legais, para que fazer propaganda disto?
De nada adianta criticar sem um plano de ação. Porque não ensinar a nova geração valores mais humanos? Mostrar o valor do abraço, do olho-no-olho, da conversa entre pares. O prazer de dividir, de compartilhar com o mundo. Seríamos muito mais legais e felizes se desprendêssemos de metade de nosso tempo de Facebook e Twitter para conversar com os amigos, tocar violão, apreciar a natureza, praticar esporte e namorar.
2012-06-17
O enterro dos provincianos
Todo expatriado leva consigo, de alguma forma, a sua cultura natal. Muitos de nós tentavam trazer à tona esta brasilidade na forma da musica, da dança, da expressão.
Sim, foi no exterior que conheci o Brasil. Longe, a 11 mil milhas de distância, dava mais valor aquilo que não podia ter. A começar pela musica, troquei o bate-estaca anglofonico das discotecas e parti direto para aquilo que a mídia elitista de minha adolescência banalizava: o samba. Foi no meio de pandeiro, batuque e cavaquinho que conheci a malandragem do carioca, o diz-que-não-diz, a camaradagem entre os amigos, a cultura da mulher bonita. Até mesmo aprendi a sambar. Tudo isso sem frou-frou, glamour ou requinte. No samba éramos todos simples, iguais, e cheios de emoção. O elitismo da musica havia morrido.
A geografia dos expatriados brasileiros também reduziu distâncias e matou preconceitos. Antes somente presentes em figuras folclóricas como os porteiros de Copacabana ou os taxistas alegóricos, o povo do nordeste do Brasil se fazia presente e trazia consigo sua cultura regional. Na convivência percebi a riqueza cultural desse povo que age naturalmente, de poucas palavras e fortes emoções. De Pernambuco vinha uma riqueza de cores, da culinária, com traços de requinte reminiscente da colonização francesa. Na Bahia encontrei valores humanos, da inclusão, da democracia, unidos à uma alegria constante de viver. Ja o Maranhão veio pelo reggae, com qualidade e talento para deixar a Jamaica com inveja. As atitudes provincianas haviam ficado no Brasil. Ali, nós apreciavamos as qualidades uns dos outros.
Infelizmente, nossos ex-companheiros de província ficaram no Brasil. Com alguns deles, o provincianismo ainda vive. Como poderia tal atitude ainda prevalecer em tempos de YouTube, Facebook, e MSN? Apesar da globalização e do encurtamento das distâncias, nossa cultura ainda desdenha quando tem e aprecia quando não possui, nos mantendo infelizes desta forma. Porque não, elogiar o que temos e aceitar o que nos falta como natural? Não seríamos mais felizes?
Para enterrarmos o provincianismo, não adianta passar a Lei do Pense-Positivo ou a Lei do Elogio. Precisamos de uma mudança de atitude, um processo de reeducação, coisas aquém da responsabilidade do MEC. A mudança de paradigma começa conosco: aprecie algo novo, elogie diferentes posições, aceite os defeitos com parte das qualidades. Somente assim, conhecendo o próximo com respeito, compartilharemos o mundo, felizes.
2012-06-12
A dinâmica da conquista
O dia de São Valentim (Valentine's Day) não coincide com o Dia dos Namorados do Brasil, e não é por coincidência. Na prática, a dinâmica das conquistas amorosas na nação tupiniquim é bem diferente da América do Norte.
No Brasil se beija primeiro. Somos um povo quente, que gosta de se tocar, de sentir um ao outro. A química entre o casal é mais importante do que o gosto pela arte, música, ou esportes. O sentir, o gosto de estar junto, o olho-no-olho. Enfim, fatores tão extra-sensoriais que poderíamos tirá-los de um livro de astrologia e que são exemplificados no beijo. Ali fica o termômetro inicial da relação. Quando sensual e envolvente, o beijo mostra a conexão entre o par e a vontade de querer mais. Você grava o telefone dela na sua agenda do celular e, na maioria da vezes, parte para casa. Sexo no primeiro encontro é incomum, sempre limitado pela prevalente cultura machista.
Na América conversa-se primeiro. Com uma frieza eficiente e seguindo os padrões vigentes da sociedade, você primeiro pede o telefone dela. A mera receptividade do pedido já é uma vitória para o público masculino, pois significa que ela mostrou interesse. Passam-se um dia ou dois e você telefona, convidando para um jantar. O primeiro encontro é tão estéril e engessado quanto os shopping centers dos subúrbios americanos. Uma mesa de restaurante entre você e ela, à uma distância capaz de enlouquecer qualquer coração latino que clama pelo que é humano. Contato físico neste momento, nem pensar. No início é só aquela conversa com um script pré-definido: nome, profissão, signo, esporte, família, programa de televisão e gosto por moda. Você preenche a sua, e ela a dela. Trocam fichinhas e realizam uma avaliação subjetiva rápida. Sites modernos de relacionamento já até automatizaram este processo da fichinha funcional. Acaso aprovado, ela convidará o candidato para tomar uma cerveja ou vinho em sua casa após o jantar. Em sua casa garante-se um beijo, um novo encontro, e, com certa regularidade, sexo no primeiro encontro. Em um espaço de 30 minutos, do oito ao oitenta.
Eu prefiro astrologia.
No Brasil se beija primeiro. Somos um povo quente, que gosta de se tocar, de sentir um ao outro. A química entre o casal é mais importante do que o gosto pela arte, música, ou esportes. O sentir, o gosto de estar junto, o olho-no-olho. Enfim, fatores tão extra-sensoriais que poderíamos tirá-los de um livro de astrologia e que são exemplificados no beijo. Ali fica o termômetro inicial da relação. Quando sensual e envolvente, o beijo mostra a conexão entre o par e a vontade de querer mais. Você grava o telefone dela na sua agenda do celular e, na maioria da vezes, parte para casa. Sexo no primeiro encontro é incomum, sempre limitado pela prevalente cultura machista.
Na América conversa-se primeiro. Com uma frieza eficiente e seguindo os padrões vigentes da sociedade, você primeiro pede o telefone dela. A mera receptividade do pedido já é uma vitória para o público masculino, pois significa que ela mostrou interesse. Passam-se um dia ou dois e você telefona, convidando para um jantar. O primeiro encontro é tão estéril e engessado quanto os shopping centers dos subúrbios americanos. Uma mesa de restaurante entre você e ela, à uma distância capaz de enlouquecer qualquer coração latino que clama pelo que é humano. Contato físico neste momento, nem pensar. No início é só aquela conversa com um script pré-definido: nome, profissão, signo, esporte, família, programa de televisão e gosto por moda. Você preenche a sua, e ela a dela. Trocam fichinhas e realizam uma avaliação subjetiva rápida. Sites modernos de relacionamento já até automatizaram este processo da fichinha funcional. Acaso aprovado, ela convidará o candidato para tomar uma cerveja ou vinho em sua casa após o jantar. Em sua casa garante-se um beijo, um novo encontro, e, com certa regularidade, sexo no primeiro encontro. Em um espaço de 30 minutos, do oito ao oitenta.
Eu prefiro astrologia.
2012-06-11
Tem festinha, e não precisa avisar
Foram 12 anos de marcar jantares e eventos sociais com os amigos e agregados. O Facebook já tinha virado ferramenta, não importava o tamanho do evento. A técnica era simples e eficaz: agendava-se o evento com milimétricos detalhes, desde data, local com link do Google Maps e diretivas como "traga cerveja" e "traga bebida". Criava-se uma resenha legal para despertar o interesse dos destinatários e no fim tinha-se certeza de que aqueles que aceitavam o convite estariam lá presentes não só virtualmente pelo Facebook. Na América, tudo isto ocorria com 3 semanas de antecedência, no mínimo.
No Brasil, este conceito regrado de evento social não teria êxito. Apesar do uso das técnicas acima mencionadas aumentar a probabilidade de sucesso do seu evento, elas não garantem nada. Por aqui, tudo é impromptu. A verdade é que o brasileiro gosta de surpresas, do inesperado, do momento. Fazemos o que sentimos vontade, naquela hora, e, desta forma, exemplificamos a inconstância do ser humano. Este exercício desenvolve a nossa capacidade de adaptação, o não pejorativo jeitinho, e nos torna mais espontâneos, mais genuínos.
Visitar um amigo, fazer uma festinha com aqueles mais próximos, combinar uma praiana, são todos eventos que dispensam aquelas 3 semanas de antecedência. No máximo, ligue para os amigos naquela semana para avisar mas não exija compromisso de comparecimento, pois é improdutivo. Afinal, só um louco perderia o seu mega-evento social. Talvez uma única técnica aplica-se aqui: convidar sempre o dobro do seu quórum mínimo de pessoas, pois sabe-se que metade delas não virá por uma razão ou outra. Afinal, aqui reina a inconstância, e até aqueles que você não convidou comparecerão. Não precisa avisar.
2012-06-10
A democracia do Rio
Eu sempre soube que havia algo diferente na alma dos cariocas, embora talvez não soubesse descrever o quê.
Faça dia ou faça sol, o carioca é um povo que se relaciona. É o bom-dia pro porteiro, aquele alô pra caixa da padaria, o "valeu mermão" para o jornaleiro além do "e aí beleza?" direcionado ao atendente do quiosque da praia. Gilberto Gil, nosso embaixador cultural para o mundo, imortalizou esta atitude em Aquele Abraço. A verdade é que o carioca sempre teve o prazer em agradar, e ele é um povo que se mistura.
Este mesmo prazer de se relacionar pode ter consequências negativas no ambiente de trabalho e na produtividade. Algumas funções requerem atenção exclusiva e não dependem de habilidades de cunho pessoal. A cultura do carioca não se compatibiliza com estas atividades. Talvez por isso os cariocas sejam bem sucedidos nas artes cênicas, no turismo, na propaganda, no marketing e, enfim, em funções onde o relacionamento interpessoal é a chave para o sucesso. E o sucesso atrai novos talentos, alimentando um ciclo.
Podemos fazer vários paralelos internacionais que conectam as características culturais às principais atividades econômicas. Rio e São Paulo, Montreal e Toronto, Los Angeles e Nova Iorque, Paris e Londres. Duetos de centros de arte e cultura versus centros financeiros de urbanismo aparente.
Nossa qualidade de vida depende de nossa eficiência em produzir. Como então fazer o casamento desta democracia carioca com a eficiência capitalista da impessoalidade que produz resultados? O meio-termo entre estas características é capaz de criar sinergias em equipes de trabalho concomitante à manutenção da eficiência, conseguindo produzir resultados tangíveis para a economia. A ressurgência de fortes indústrias locais como a do petróleo, e dos conglomerados empresariais como os de Eike Batista pode ser uma evidência de um casamento eficaz neste sentido.
Faça dia ou faça sol, o carioca é um povo que se relaciona. É o bom-dia pro porteiro, aquele alô pra caixa da padaria, o "valeu mermão" para o jornaleiro além do "e aí beleza?" direcionado ao atendente do quiosque da praia. Gilberto Gil, nosso embaixador cultural para o mundo, imortalizou esta atitude em Aquele Abraço. A verdade é que o carioca sempre teve o prazer em agradar, e ele é um povo que se mistura.
Este mesmo prazer de se relacionar pode ter consequências negativas no ambiente de trabalho e na produtividade. Algumas funções requerem atenção exclusiva e não dependem de habilidades de cunho pessoal. A cultura do carioca não se compatibiliza com estas atividades. Talvez por isso os cariocas sejam bem sucedidos nas artes cênicas, no turismo, na propaganda, no marketing e, enfim, em funções onde o relacionamento interpessoal é a chave para o sucesso. E o sucesso atrai novos talentos, alimentando um ciclo.
Podemos fazer vários paralelos internacionais que conectam as características culturais às principais atividades econômicas. Rio e São Paulo, Montreal e Toronto, Los Angeles e Nova Iorque, Paris e Londres. Duetos de centros de arte e cultura versus centros financeiros de urbanismo aparente.
Nossa qualidade de vida depende de nossa eficiência em produzir. Como então fazer o casamento desta democracia carioca com a eficiência capitalista da impessoalidade que produz resultados? O meio-termo entre estas características é capaz de criar sinergias em equipes de trabalho concomitante à manutenção da eficiência, conseguindo produzir resultados tangíveis para a economia. A ressurgência de fortes indústrias locais como a do petróleo, e dos conglomerados empresariais como os de Eike Batista pode ser uma evidência de um casamento eficaz neste sentido.
2012-06-08
Compartilhando o prato
Na continuação do tema individualidade vs. comunidade, compartilho aqui mais uma anedota.
Fui almoçar com a família. Como todo descendentes de italianos, falava-se muito à mesa, e a comunicação não se restringia ao uso do português falado. Eram gestos com a mãos e expressões faciais, daqueles que só o nosso subconsciente sabe registrar. Entre uma frase e outra, um termo em inglês qualquer, e a certeza que todos ali compreenderam o que se passava. Afinal, além da Itália, haviam influências da América do Norte, Inglaterra, França, e Japão entre nós. Mundo globalizado este.
A atmosfera no restaurante se originava inconfundivelmente da artificialidade do franchising norte-americano com uma pitada de globalização. Persianas de madeira estilo americano colonial enoiteciam o ambiente, cortando o sol tropical que rajava lá fora. Pingentes de luz desciam do teto em cima de cada booth com mesinha, iluminando somente o necessário para ler o menu. A organização dos pratos no menu lembrava os diners americanos, o que destoava da influência inglesa no estofado rebitado de couro. Aquele era um restaurante temático, futebol o tema. Enfim, algo proveniente do Brasil ali. Já estava ficando chato.
A garçonete que chegava nos resgatou da plasticidade do ambiente. Uma morena bem vestida e com cabelos trançados à pocahontas, veio trazer brasilidade para aqueles que já esperavam uma loira para nos servir. Muito prestativa, atenciosa, e simpática, anotou todos os pedidos e atendeu as solicitações de mudança em um dos pratos. Mudanças que não seria aceitas com facilidade e cordialidade na América do Norte. Prato padrão com atendimento padrão. Vida padrão.
A comida chegou. Ali tinha de tudo, desde massas ao molho branco ao churrasco com legumes e purê de batata. Todos aclamando a qualidade da comida, que ainda trazia a apresentação típica norte-americana em pratos individuais. Numa fração de segundo, tudo mudou. Ofereceram-me um pedaço de comida do outro prato e fui pego de surpresa: compartilhar a comida era um hábito que já não possuía mais. Permitir aos outros que tenham experiências com aquilo que é seu, oferecendo de si para os outros. Gostei da ideia e aceitei, a comida estava realmente uma delícia.
Fui almoçar com a família. Como todo descendentes de italianos, falava-se muito à mesa, e a comunicação não se restringia ao uso do português falado. Eram gestos com a mãos e expressões faciais, daqueles que só o nosso subconsciente sabe registrar. Entre uma frase e outra, um termo em inglês qualquer, e a certeza que todos ali compreenderam o que se passava. Afinal, além da Itália, haviam influências da América do Norte, Inglaterra, França, e Japão entre nós. Mundo globalizado este.
A atmosfera no restaurante se originava inconfundivelmente da artificialidade do franchising norte-americano com uma pitada de globalização. Persianas de madeira estilo americano colonial enoiteciam o ambiente, cortando o sol tropical que rajava lá fora. Pingentes de luz desciam do teto em cima de cada booth com mesinha, iluminando somente o necessário para ler o menu. A organização dos pratos no menu lembrava os diners americanos, o que destoava da influência inglesa no estofado rebitado de couro. Aquele era um restaurante temático, futebol o tema. Enfim, algo proveniente do Brasil ali. Já estava ficando chato.
A garçonete que chegava nos resgatou da plasticidade do ambiente. Uma morena bem vestida e com cabelos trançados à pocahontas, veio trazer brasilidade para aqueles que já esperavam uma loira para nos servir. Muito prestativa, atenciosa, e simpática, anotou todos os pedidos e atendeu as solicitações de mudança em um dos pratos. Mudanças que não seria aceitas com facilidade e cordialidade na América do Norte. Prato padrão com atendimento padrão. Vida padrão.
A comida chegou. Ali tinha de tudo, desde massas ao molho branco ao churrasco com legumes e purê de batata. Todos aclamando a qualidade da comida, que ainda trazia a apresentação típica norte-americana em pratos individuais. Numa fração de segundo, tudo mudou. Ofereceram-me um pedaço de comida do outro prato e fui pego de surpresa: compartilhar a comida era um hábito que já não possuía mais. Permitir aos outros que tenham experiências com aquilo que é seu, oferecendo de si para os outros. Gostei da ideia e aceitei, a comida estava realmente uma delícia.
2012-06-07
Chuva e Neve
Durante o inverno na costa leste da América do Norte, dias de neve são acompanhados de preguiça e vontade de ficar debaixo das cobertas.
Aumente a temperatura, a neve se derrete e vira chuva. Você agora está no Brasil e até gostaria que a preguiça não lhe acompanhasse, mas ela veio contigo. Pelo menos por aqui ela não detém-o de fechar as janelas para que o frio não entre, ou de limpar a neve da entrada da casa. No máximo você se preocupa em levar aquele guarda-chuva amigo para a rua, ainda assim indeciso e querendo que o sol apareça a tarde. A esperança é a última que morre.
O frio de países nórdicos é realmente rigoroso, mas dele provém a ordem. Os fatores que levaram um argentino no Canadá a odiar sua estadia, como a limpeza da entrada de sua casa, o frio para andar na rua, e a impessoalidade das relações humanas são os mesmos que fazem-se necessários à regularidade como fator essencial da vida norte-americana. Sem rotina e hora marcada, não há eficiência. Sem eficiência, não haveria tempo para limpar a neve, botar o lixo pra fora, e ainda lavar a roupa.
Ainda me lembro da fase típica de turista dos recém-imigrados ao Canadá. Tudo é maravilhoso, as ruas são limpas, a grama cortada e, enfim, tudo funciona like clockwork. Como será que eles conseguem fazer isto? Pontualidade, compromisso, e regularidade. Simples respostas que, para aqueles que gostam no inesperado e da surpresa se torna chatice com o tempo. Não deixe-se iludir pelas aparências pois não existe lugar perfeito. Daí cria-se o eterno dilema do imigrante de tentar aliar as características positivas de um lugar ao outro -- um excelente tema para o próximo blog.
2012-06-06
Altos Decibéis
Se você se mudou da vida suburbana da América do Norte para a vida urbana de uma metrópole do Brasil, prepare-se para o barulho.
A alta densidade populacional das grandes metrópoles aliada à escassez de infra-estrutura eficiente de transportes aumenta o fluxo de pessoas e traz os nervos à flor da pele. São ônibus acelerando subitamente, motos ziguezagueando, apitos de guardas de trânsito e britadeiras rasgando o asfalto. Tudo isso em um unissom constante, como uma orquestra sinfônica. Uma realidade da metrópole brasileira.
Arme-se. Janelas de vidro dobrado, tampões e fones de ouvido, ventilador, tudo que abafe o som exterior vale a tentativa. O tempo também ajuda. Acostume-se a filtrar o barulho e concentrar-se em uma atividade produtiva.
A boa notícia é que o maior fluxo de pessoas causa reboliços e nos livra daquela monotonia suburbana onde a vida se repete como um filme. Algo de diferente e imprevisível sempre acontece todo dia no Brasil, guarde as alegrias e os bons momentos.
A alta densidade populacional das grandes metrópoles aliada à escassez de infra-estrutura eficiente de transportes aumenta o fluxo de pessoas e traz os nervos à flor da pele. São ônibus acelerando subitamente, motos ziguezagueando, apitos de guardas de trânsito e britadeiras rasgando o asfalto. Tudo isso em um unissom constante, como uma orquestra sinfônica. Uma realidade da metrópole brasileira.
Arme-se. Janelas de vidro dobrado, tampões e fones de ouvido, ventilador, tudo que abafe o som exterior vale a tentativa. O tempo também ajuda. Acostume-se a filtrar o barulho e concentrar-se em uma atividade produtiva.
A boa notícia é que o maior fluxo de pessoas causa reboliços e nos livra daquela monotonia suburbana onde a vida se repete como um filme. Algo de diferente e imprevisível sempre acontece todo dia no Brasil, guarde as alegrias e os bons momentos.
2012-06-05
Individualidade vs. Comunidade
Para aqueles que já moravam há vários anos longe da família e da cultura latina, um dos choques iniciais é a perda da individualidade na sua vida social e profissional.
O brasileiro é um povo participativo, que gosta de comunidade e da socialização. Talvez uma das maiores evidências deste fato é o sucesso das telenovelas, onde a população se identifica com os personagens, troca experiências e opiniões sobre o enredo do drama e, enfim, sente-se parte da história como se fosse sua própria. Seria ingenuidade então acreditar que esta característica está restrita ao drama. Pelo contrário, a participação de outros em sua trajetória pessoal e profissional é muito mais intensa no Brasil. Aqui, as pessoas tem maior interesse em influenciar as suas decisões como uma forma de participação indireta. No trabalho, conversa-se sobre tudo: o placar do jogo de ontem, quem está namorando ou não, o carro do momento ou a cor de esmalte da moda. As pessoas se conhecem mais.
Para aqueles repatriados oriundos de culturas mais frias e individualistas, vale ressaltar duas precauções:
O brasileiro é um povo participativo, que gosta de comunidade e da socialização. Talvez uma das maiores evidências deste fato é o sucesso das telenovelas, onde a população se identifica com os personagens, troca experiências e opiniões sobre o enredo do drama e, enfim, sente-se parte da história como se fosse sua própria. Seria ingenuidade então acreditar que esta característica está restrita ao drama. Pelo contrário, a participação de outros em sua trajetória pessoal e profissional é muito mais intensa no Brasil. Aqui, as pessoas tem maior interesse em influenciar as suas decisões como uma forma de participação indireta. No trabalho, conversa-se sobre tudo: o placar do jogo de ontem, quem está namorando ou não, o carro do momento ou a cor de esmalte da moda. As pessoas se conhecem mais.
Para aqueles repatriados oriundos de culturas mais frias e individualistas, vale ressaltar duas precauções:
- Na vida pessoal -- ao mesmo tempo que todos querem participar de suas decisões e escolhas, poucos querem se responsabilizar quando algo não dá certo. A tendência é de compartilhar somente o sucesso, e esconder os erros. Apesar desta tendência ser mundial, no Brasil ela é exacerbada pela cultura da boa imagem. Portanto, leve em consideração a opinião de outros mas atente-se que se a responsabilidade é sua, a escolha também deve ser sua.
- Na vida profissional -- compartilhar de suas opiniões, valores e convicções no trabalho pode ser uma armadilha para aqueles que são competentes em sua profissão. Inevitavelmente você abre uma brecha para ser julgado subjetivamente pelos seus gostos e sua vida pessoa. Saber com quem dividir e quais experiências dividir é imprescindível.
Nenhum homem é uma ilha, não somos auto-suficientes. Não acredite na fábula do self-made man quando motivada somente pelo dinheiro. Tire dela a lição da igualdade de oportunidades, da democracia de idéias, da raiz da motivação pessoal, dos ideais humanos e do respeito ao próximo. Viver em comunidade é maravilhoso quando podemos compartilhar destes valores.
2012-06-04
O complexo vira-lata
O Brasil de nossa infância tinha complexo de vira-lata. Tudo que era importado era de melhor qualidade, desde a Coca-Cola de latinha de alumínio até o Discman. As rádios tocavam músicas predominantemente em inglês e se desdobravam para preencher os pré-requisitos de conteúdo nacional com canções de Roberto Carlos. O resquício do controle e da censura na era militar já não colaboravam, e assim éramos condicionados a valorizar o que vinha de fora.
A boa notícia é que o complexo vira-lata está se extinguindo. O Brasíl pós-ditadura, pós-Plano Real, pós-globalização e pós-Lula evoluiu. A conquista da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 contribuíram para uma melhora da auto-estima. Nunca tantos brasileiros estiveram em proeminência fora do campo de futebol como Eduardo Saverin e Mike Krieger. Os vira-latas ganharam pedigree e estão orgulhosos disto.
Celebremos estas conquistas, mas não deixemo-nos cegar pelo marketing. Aqui ainda falta muita coisa, a começar pela infra-estrutura e aspectos culturais incompatíveis com o desenvolvimento humano. Vamos trazer esta visão pra cá.
A chegada
São muitos os brasileiros, que, como eu, decidiram retornar à pátria mãe depois de uma temporada prolongada no exterior. As razões variam desde o cenário macro-econômico nas crises dos EUA e da Europa, da ascensão dos países emergentes, até a melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento social de nosso país. O processo de mudança é intenso e drástico: desfazer-se de carreira, dinheiro e canudo de lá e voltar para aquele lugar onde você só via nas fotos das férias, pelo Facebook, e ouvia falar pelo telefone.
Se por acaso você se identificou com o parágrafo anterior, você não está sozinho. Existem milhares que como nós fizeram uma escolha consciente pelo Brasil e que agora têm de iniciar um longo processo re-adaptativo. A verdade é que o Brasil está na moda, os gringos estão se mudando pra cá, e nós, com eles. A mídia brasileira percebeu a nossa presença e noticiou também.
E aqui chegamos, de bilhete one-way, mala-e-cuia e contâiner, e busca da terra prometida. E agora?
Se por acaso você se identificou com o parágrafo anterior, você não está sozinho. Existem milhares que como nós fizeram uma escolha consciente pelo Brasil e que agora têm de iniciar um longo processo re-adaptativo. A verdade é que o Brasil está na moda, os gringos estão se mudando pra cá, e nós, com eles. A mídia brasileira percebeu a nossa presença e noticiou também.
E aqui chegamos, de bilhete one-way, mala-e-cuia e contâiner, e busca da terra prometida. E agora?
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