O Brasil de nossa infância tinha complexo de vira-lata. Tudo que era importado era de melhor qualidade, desde a Coca-Cola de latinha de alumínio até o Discman. As rádios tocavam músicas predominantemente em inglês e se desdobravam para preencher os pré-requisitos de conteúdo nacional com canções de Roberto Carlos. O resquício do controle e da censura na era militar já não colaboravam, e assim éramos condicionados a valorizar o que vinha de fora.
A boa notícia é que o complexo vira-lata está se extinguindo. O Brasíl pós-ditadura, pós-Plano Real, pós-globalização e pós-Lula evoluiu. A conquista da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 contribuíram para uma melhora da auto-estima. Nunca tantos brasileiros estiveram em proeminência fora do campo de futebol como Eduardo Saverin e Mike Krieger. Os vira-latas ganharam pedigree e estão orgulhosos disto.
Celebremos estas conquistas, mas não deixemo-nos cegar pelo marketing. Aqui ainda falta muita coisa, a começar pela infra-estrutura e aspectos culturais incompatíveis com o desenvolvimento humano. Vamos trazer esta visão pra cá.
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