2012-06-04

O complexo vira-lata

O Brasil de nossa infância tinha complexo de vira-lata.  Tudo que era importado era de melhor qualidade, desde a Coca-Cola de latinha de alumínio até o Discman.  As rádios tocavam músicas predominantemente em inglês e se desdobravam para preencher os pré-requisitos de conteúdo nacional com canções de Roberto Carlos.  O resquício do controle e da censura na era militar já não colaboravam, e assim éramos condicionados a valorizar o que vinha de fora.

A boa notícia é que o complexo vira-lata está se extinguindo.  O Brasíl pós-ditadura, pós-Plano Real, pós-globalização e pós-Lula evoluiu.  A conquista da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 contribuíram para uma melhora da auto-estima.  Nunca tantos brasileiros estiveram em proeminência fora do campo de futebol como Eduardo Saverin e Mike Krieger.  Os vira-latas ganharam pedigree e estão orgulhosos disto.

Celebremos estas conquistas, mas não deixemo-nos cegar pelo marketing.  Aqui ainda falta muita coisa, a começar pela infra-estrutura e aspectos culturais incompatíveis com o desenvolvimento humano.   Vamos trazer esta visão pra cá.  

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