2012-08-19

Os Elementos

São 6 horas da tarde. O vento sopra, trazendo do mar o som de cada uma das ondas junto às folhas secas de amendoeiras a arrastar-se rumo à renovação da vida. Uma areia fina, quase que virgem, sustenta meus pés. Sinto um aconchego dócil, como se aquela areia se moldasse ao meu corpo e ali fôssemos um só.

À volta, silhuetas no horizonte.  De um lado, e mais próximas, formas suaves feitas de verde e pedra delineiam o espaço entre dois azuis -- o mar e o universo.  Ao fundo, traços escuros fazem alusão ao fascínio pelo desconhecido, protegidos ao topo por degradês de amarelo-fogo envoltos em rajadas de tinta branca.  Certo de que o pintor desta obra não estava ciente de sua aptidão, o homem a transformou em cartões postais e as nomeou com temas de culinária, religião e medicina. Tolice.

Ainda que somente por aquele momento, não transpareciam rótulos.  Ali, tudo parecia virgem e não haviam partes, só o conjunto.  O valor daquela obra majestosa se mostrava infinitamente maior na composição.  Sentia-me feliz por fazer parte dela, como o grão de areia.

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