Esta carcaça que carrego pelo mundo terreno nunca esteve em tão bom estado como naquela conexão -- a mente é que estava em desalinho. Apesar do meu apego pelos passaportes e cartões de embarque já coletados em viagens de outrora, aquela viagem não me trazia prazer. Talvez chamar a situação de auto-flagelo seria exagero, mas se aproximava disso. Corpo são, mente não necessariamente sã. Como então reverter aquela situação?
Achava dentro de minha lógica Newtoniana que encontraria repostas ali, dentro daquele livro, para que pudesse eu mesmo solucionasse o problema. Acreditava eu, errôneamente, que as pessoas mudavam suas perspectivas de mundo tal como a gestão de projeto: ações corretivas. Tolice, o livro me ensinou. Nossas perspectivas mudavam subjetivamente, conforme a nossa mente reaprendia que nossas atitudes podiam de tudo realizar. A chave da felicidade não está do lado de fora. Pensando positivo e buscando o melhor das situações e das pessoas, treinamo-nos a acreditar no melhor.
Ali começava uma jornada auto-reflexiva. Não era uma jornada momentânea, um fado. Era uma reaprendizagem de que esta jornada fazia, sim, parte da vida. Aqueles momentos de frente ao mar, de baixo de uma cachoeira, ou então apreciando o céu azul anil de uma noite de inverno. Estes momentos sim eram cruciais para uma vida feliz.
Dois anos se passaram desde que comprei aquele livro aqui. Nesta viagem, um propósito diferente. Já com a mente sã, percebia que os americanos do Tenessee e das Carolinas tinham muito a me ensinar além daquele livro. Uma paisagem verde musgo rica em árvores e rios cercava as curvas sinuosas de grandes rios. Nas ruas, a música alegre e contagiante, como a de Johnny Cash. Em cada esquina, ouvia-se um bom dia, como está? Seguia-se um sorriso. As pessoas eram alegres e vibrantes.
Dei o livro de presente a um amigo, não me recordo qual. Espero que possa trazer a ele os ares daqui, como trouxe pra mim. Nós somos o que pensamos, acredite.